16/09/09

50 - Leia a entrevista de Zenga ao jornal "Vitória"



"Quero voltar a ser campeão outra vez"

Em mais uma Grande Entrevista, damos voz ao campeão mundial de Kickboxing. Em entrevista exclusiva ao Jornal “Vitória”, Zenga falou-nos do título mundial, recordou o primeiro dia de aulas de Kickboxing e elogiou o mestre Alberto Costa. Conheça mais do nosso campeão, que pela terceira vez se sagrou o melhor do mundo. E, com todo o orgulho dizemos: O melhor do mundo é do Vitória.


Sagrou-se campeão mundial no seu país. Vencer em casa tem um sabor diferente?

Sim, sem dúvida. Estava em casa e tinha de mostrar que tinha valor. Nos outros combates estava a representar a Selecção em campeonato da Europa e a emoção foi diferente. Nos Açores, senti muita pressão, foi mais complicado. Não podia entrar muito duro no combate, tive de montar uma estratégia.

Foi um combate mais difícil do que os outros?

Foi difícil no início porque não estava à espera que o meu adversário fosse tão bom no corpo a corpo. Era muito saliente no chão e tinha uma boa presença. À medida que fui aquecendo, o combate tornou-se mais fácil. Eu também sou um bocado calculista. Gosto de entrar no choque e seja o que Deus quiser. E como estava a jogar em casa, tive medo de ficar no chão.

Um campeão mundial ainda tem objectivos?

É complicado definir objectivos porque neste momento encontro-me numa fase agitada. Tenho muitas coisas para fazer. Mas o Campeonato do Mundo de Amadores é o meu próximo objectivo. Neste campeonato participam os campeões profissionais e há sempre atletas com muita qualidade. Já participaram grandes campeões de Classe A e chegaram a este campeonato e não passaram das primeiras eliminatórias. É uma prova muito difícil e muito concorrida. Quero ser campeão do mundo outra vez.

Qual foi o combate mais difícil?

Foi em Portugal. Tinha 17 anos e lutei contra um campeão que ainda hoje é uma referência do Kickboxing português. Eu pesava apenas 56 kg e o meu adversário tinha 63 kg. Ele tinha mais experiência do que eu e foi muito difícil. Mas, ainda assim, aprendi imenso.

Para muitos, lutar kickboxing é apenas uma forma de “andar à luta”. Como é que explica a modalidade?

O Kickboxing tem evoluído muito ao longo dos anos. É uma modalidade que tem muita ciência e anos de investigação. O Kickboxing de hoje é completamente diferente do de há 60 anos. E ao contrário do que possa parecer, não é um desporto muito violento, como aliás se vê pelo número de lesões contraídas pelos atletas da modalidade. No futebol, por exemplo, há muito mais lesões e lesões muito mais graves. Eu já tive algumas pequenas lesões, mas nunca nada de grave.


“O Vitória é a minha estrelinha da sorte”
Começou a vencer títulos quando estava no Vitória. Este Clube trouxe-lhe a sorte que precisava?

O Vitória é a minha estrelinha da sorte. Já tinha ido a alguns campeonatos mas não tinha vencido nenhum. A verdade é que pelo facto de representar o Vitória sou visto de uma maneira diferente. O símbolo tem um certo peso e todas as pessoas nos respeitam porque somos do Vitória.

E como é ser bracarense em Guimarães?

O meu clube é o Vitória. Em Braga, as pessoas sabem que eu sou do Vitória e ninguém diz nada. Já me sinto vitoriano. Eu não gostava de futebol e já começo a torcer por eles. A febre vitoriana já me afectou.

O Kickboxing do Vitória tem capacidade para continuar a crescer?

O Vitória está muito forte no Kickboxing. Temos uma grande equipa e somos um grande grupo com talento. Há atletas que se se dedicassem e treinassem como eu treinei, estariam a dar cartas nos campeonatos da Europa. Vejo miúdos a chegarem aqui e a terem uma técnica muito mais apurado do que a que eu tinha quando entrei para o kickboxing. Mas eu nunca desisti. Sempre que perdia um combate, queria a desforra e acabava por ganhar sempre por K.O. Foi assim que me fui tornando cada vez mais forte.

Na ausência de Alberto Costa é o Zenga quem dá os treinos. É já uma preparação para o seu futuro?

Adorava ser treinador de kickboxing e ter uma escola como o mestre tem, mas sinto que não tenho o carisma que é preciso. Sei que não consigo ser como o mestre Alberto Costa. Ele dava-me aulas quando tinha a minha idade e sempre teve um carisma excepcional, sempre soube dizer as coisas de um modo especial, que nos toca e incentiva.



A ficha

Nome: Fernando Barros Machado
Data de Nascimento: 19/04/83 (26 anos)
Naturalidade: Braga
Altura: 1, 72
Peso: 57


Fora de combate

• Gostava de lutar na Tailândia
• Está a terminar o curso de Administração Pública
• Toca concertina no Rancho Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio
• Nos tempos livres, gosta de estar com os amigos e adora ir à praia
• Considera-se uma pessoa simpática e bem-disposta
• Cuba foi a sua viagem de sonho


Aposta com amigo levou-o ao Kickboxing

Quando era miúdo, Fernando Machado foi apelidado de “Zenga” pelos amigos, uma vez que defendia muito bem, fazendo lembrar o guarda-redes com esse nome. O gosto pelo Kickboxing viria a surgir depois de uma aposta feita com um amigo, que o levou até ao primeiro treino da modalidade. Iniciou o seu percurso num ginásio de Braga, tendo vindo depois para Guimarães onde, já com Alberto Costa como mestre, ingressou no Francisco de Holanda. Seguiu-se o Vitória, onde está já há três anos.






















14.09.2009
texto / imagem
http://vitoriasc.pt

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